Primeira edição do "Soberania em debate" discute papel da tecnologia para a soberania
O encontro recebeu o secretário de relações com a sociedade do Senge Bahia, Allan Yukio, o diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, Jairo Batista, e a jornalista da Fisenge, Camila Marins
Foi realizado, na tarde desta quarta-feira (26), a 1ª edição do Soberania em Debate. O encontro recebeu o secretário de relações com a sociedade do Senge Bahia, Allan Yukio, o diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, Jairo Batista, e a jornalista da Fisenge, Camila Marins. O debate faz parte da série de atividades do II Simpósio SOS Brasil Soberano, que será realizado nesta quinta-feira (27), na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, em Salvador.
O tema principal do debate foi sobre a importância da tecnologia e da política de conteúdo local para a soberania do país. Batista e Yukio acreditam que o avanço tecnológico é o caminho para o desenvolvimento de empregos e de uma disputa real do Brasil frente ao cenário internacional.
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
Para Jairo Batista, a questão da tecnologia é fundamental também em diversas outras áreas. Ele explica que o desenvolvimento tecnológico e as empresas de tecnologia estão ligadas a setores como pesquisa, universidade, empregos e políticas públicas. Portanto, quando um é afetado, todos os outros são afetados também.
“A Petrobrás gera mais de 1 milhão de empregos em todo o país. Quebrar isso gera desemprego e gera também a criação de subempregos, com salários baixos e condições inaceitáveis para o trabalhador”, critica.
POLÍTICA DE CONTEÚDO LOCAL
O governo federal anunciou, no dia 22/2, a redução de 50% da política de conteúdo local, ignorando os interesses nacionais. A política de conteúdo local é um instrumento de defesa da soberania do país, de geração de emprego e renda e fortalecimento da indústria brasileira.
“A política de conteúdo local atinge a população brasileira e toda a América Latina. O golpe não está desconectado com outras forças imperialistas. O objetivo é acabar com o processo científico, a engenharia e as pesquisas. Abre licitação para empresas estrangeiras com o argumento de que é por causa da corrupção, mas essas empresas também estão envolvidas com corrupção”, completou Yukio.
De 2002 a 2014, a Petrobras saltou de 3 mil trabalhadores para 85 mil, reestruturando todo o parque da indústria naval. Este avanço também aconteceu no estímulo à produção tecnológica por meio de engenharia brasileira. O pré-sal foi descoberto graças ao investimento em tecnologia local com excelência em engenharia. Atualmente, a média de exigência de conteúdo local é de 65% a 79%. Com a redução pela metade, o Brasil ficará refém de empresas estrangeiras. Isso significa que o mercado internacional será privilegiado nas contratações.
SOBERANIA
Os sindicalistas defenderam ainda que a Petrobrás é um símbolo da soberania brasileira. “É preciso que não só os petroleiros, mas toda a população brasileira, veja a importância da Petrobrás para o país”, afirmou Batista.
Para Yukio, destaca que esse valor vai além do simbólico: “a empresa tem uma enorme importância no desenvolvimento tecnológico do Brasil. É uma empresa que dá orgulho para o brasileiro”, defendeu.
A tecnologia usada para descobrir e explorar o pré-sal foi desenvolvida no Brasil. A Petrobrás desenvolveu projetos de perfuração que permitiram atravessar a camada de sal. Um exemplo é o primeiro poço perfurado para buscar petróleo no pré-sal, o Parati, em 2005. O processo demorou mais de um ano para ser concluído. Para a extração de petróleo, a grande dificuldade tecnológica relaciona-se menos à profundidade do que à instabilidade da camada de sal. Embora a empresa já possuísse vários poços de extração de petróleo em águas profundas e dominasse essa tecnologia, com o pré-sal foi a primeira vez que foi necessário travessar uma camada salina menos dura do que a rochosa, mas também menos estável. A tecnologia pioneira foi desenvolvida em parceria com o Núcleo de Transferência de Tecnologia (NTT) da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que há anos trabalha em parceria com a Petrobras.
GREVE GERAL
A Greve Geral, marcada para esta sexta-feira (28), também foi tema de discussão. O petroleiro e o engenheiro frisaram a importância da paralisação em todo o país. A luta é contra as reformas trabalhista e da previdência, a terceirização e a entrega das riquezas nacionais para empresas estrangeiras.
“É preciso sinalizar para esse governo que não aceitaremos a retirada de direitos. É um governo ilegítimo que não se importa com os interesses do povo brasileiro”, afirmou Batista.
“Essas empresas estrangeiras vêm aqui justamente para recuperar o dinheiro que perderam na crise. Eles querem explorar os países periféricos. Dia 28 é o embrião para o processo mais radical e de conscientização da classe trabalhadora”, conclui Yukio
