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O 8 de março e a janela aberta da história

A tarefa do movimento feminista ao longo do tempo têm sido de reacender a chama de histórias que tanto nos inspiram

(Foto: Reinaux)

 

Por Tita Carneiro para Brasil de Fato

Está se aproximando o período da luta que nos aquece durante o ano inteiro, nos proporcionando o momento mais intenso de unidade no que se refere às lutas das mulheres nesta data histórica tão importante que é o 08 de março!

A memória desta data é disputada entre a falaciosa narrativa de um dia pacífico em que as mulheres recebem flores e a sua real origem carregada do caráter revolucionário e insurrecional. A tarefa dos movimentos de mulheres e feministas ao longo do tempo têm sido de reacender a chama de histórias que tanto nos inspiraram, como o movimento internacional de mulheres socialistas do final do século XIX e início do século XX, a internacionalização deste dia de luta e solidariedade entre as trabalhadoras a partir da marcha que reuniu 190 mil mulheres na Rússia, sendo estopim do processo da Revolução Russa e tantos outros exemplos de lutadoras do nosso leito histórico latino-americano.

Feministas socialistas de vários países inauguraram esta data como sendo um dia de fervorosas manifestações em que largas parcelas das trabalhadoras organizadas saíam às ruas com o objetivo de reivindicações políticas, tais como o direito ao voto e melhores condições de salários, de moradia.

É muito intrigante que mais de 100 anos após as primeiras comemorações do 08 de março como sendo um dia internacional de solidariedade entre as trabalhadoras, os movimentos de mulheres e feministas no Brasil ainda estejam lutando em torno de reivindicações políticas e econômicas tão semelhantes.

Há alguns anos, diversos movimentos populares têm realizado ações de enfrentamento ao grande capital, agronegócio, grandes empresas, denunciado a violência contra às mulheres e reafirmado o feminismo popular como força organizada das mulheres trabalhadoras que têm como horizonte principal uma inevitável e verdadeira revolução social em que não existam desigualdades.

A conjuntura brasileira de retirada dos direitos trabalhistas e a incerteza em sonhar futuros melhores deve nos impulsionar a construir grandes atos em todos o país, seguirmos defendendo a democracia e os direitos da classe trabalhadora.

A janela da história está aberta e, seguimos confiantes de que a ousadia dos ares de março despertará a urgência da organização popular. Convidamos todas e todos a seguir nesta marcha em defesa da democracia, dos direitos do povo brasileiro e pela candidatura do presidente Lula!

Tita Carneiro é militante da Marcha Mundial das Mulheres