Golpe: Protesto reúne mais de cem mil na Paulista
Manifestação promovida pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também criticou "ataques a direitos"
Fonte: Brasil de Fato
Mais de cem mil pessoas participaram do protesto contra o governo Temer (PMDB) neste domingo (4), na Avenida Paulista. A manifestação, organizada de forma unitária pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, criticava o processo de ruptura institucional no país e a agenda de retirada de direitos anunciada pelo peemedebista.
Cada uma das frentes articula diversos movimentos populares, entidades sindicais, organizações feministas, estudantis e de juventude.
Os manifestantes começaram a se concentrar em frente ao Masp e, de lá, se dirigiram ao Largo da Batata, na zona Oeste da cidade de São Paulo.
O número de pessoas que compareceram ao ato foi divulgado pelos organizadores. A PM não divulgou estimativa.
Luta
A pauta dos protestos estava focada em críticas a Temer e suas propostas.
"Quem acha que [tudo] acabou com a votação no Senado está enganado. O jogo só começou, e vai ser decidido nas ruas", afirmou Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que também questionou a legitimidade da Casa para decidir o futuro político do país.
Para as entidades presentes, o impeachment, além de ilegal, carrega um conteúdo contrário aos interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras. "Depois da farsa jurídica, o golpe se revela na tentativa de liquidação de todos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, além do ataque à soberania nacional com a privatização do pré sal", apontou Júlio Turra, da executiva nacional da CUT.
O tema do Pré-Sal também foi lembrado por Cibele Oliveira, do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo: "Existem interesses nacionais e internacionais no golpe. Um deles é o Pré-Sal. Nós temos a terceira maior reserva do mundo. Ninguém dúvida do interesse pelo petróleo no oriente médio, mas aqui sim."
Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), destaca que, a partir de agora, “vamos ter manifestações permanentes". "Várias categorias vão fazer mobilizações corporativas, tem greve dos bancários, tem Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Está se construindo a possibilidade de uma greve geral”, aponta.
Para o coordenador do MST, “se as ruas, a juventude, os movimentos populares, se nós conseguirmos fazer uma greve geral, não tenho nenhuma dúvida que derrubaremos o governo golpista do Temer”, descreve.
Juventude
O protesto teve presença maciça de jovens. Além das palavras de ordem contra Temer, a Polícia Militar também foi fortemente criticada por conta da repressão nos atos durante a semana passada.
Integrantes do Levante Popular da Juventude carregavam uma faixa em solidariedade à militante do movimento, Deborah Fabri, que perdeu o olho esquerdo por conta de um fragmento de bomba.
"A violência policial deixa nos corpos da juventude as marcas do golpe", lamentou Barbara Pontes, do Levante. Em diversos momentos, os manifestantes pediam a desmilitarização da PM.
Junto aos jovens era possível encontrar manifestantes mais velhos, que comparavam o momento pelo qual passa o país com o contexto autoritário do passado.
"É uma outra modalidade, mas é uma ruptura democrática, que significa, como antes, um ataque aos direitos dos trabalhadores", disse Valter Ponte, 63, analista do judiciário.
Repressão
No fim do ato, quando grande parte das pessoas já começavam a se dispersar do Largo da Batata, a Polícia Militar entrou em confronto com manifestantes.
Antes da manifestação em São Paulo começar, 27 pessoas foram detidas em dois pontos distintos da cidade. Elas foram conduzidas ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Segundo advogados que acompanham o caso, a Polícia ainda não apresentou as razões pelas quais as detenções foram realizadas, mas afirma que eles se dirigiram ao ato realizado na Paulista.
Agenda
Na próxima quarta-feira (7), Dia da Independência, acontece em São Paulo, na Praça da Sé, o Grito dos Excluídos. Já na quinta-feira (8), as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo organizam mais um grande ato na cidade, no Largo da Batata.
Edição: José Eduardo Bernardes