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Estaleiro Mauá: três mil trabalhadores demitidos

Metalúrgicos defendem o pagamento das dívidas e que o estaleiro volte a funcionar

Desde que o Estaleiro Eisa Petro Um, antigo Estaleiro Mauá, fechou as portas em virtude das investigações da Operação Lava-Jato, cerca de três mil trabalhadores ainda esperam que seus direitos sejam pagos.

No dia 23 de junho, quando a direção da empresa divulgou um comunicado informando o fechamento da empresa “até que ela se adapte as questões financeiras”, cerca de 1.200 foram demitidos e mais 2.000 colocados de licença por tempo indeterminado. Posteriormente, estes também foram demitidos. Nunca houve negociação com os sindicatos. A dívida com os trabalhadores já ultrapassa os R$ 30 milhões. 

A advogada que representa do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Daniele Gabrich Gueiros, afirma que, além do pagamento, é necessário que o estaleiro continue funcionando.

“Defendemos não apenas o pagamento dos direitos trabalhistas, que são devidos. Defendemos que a construção de navios continue e os empregos também”, afirmou Daniele.

No momento, as empresas não assumiram as responsabilidades. A administradora do Estaleiro Eisa diz que não tem condições de arcar com as dívidas porque a Transpetro não pagou o que devia. Já a Transpetro afirma que não está devendo nada e que não tem responsabilidades com os trabalhadores porque fez apenas um contrato de compra de navios.

A advogada, no entanto, explica que a “jurisprudência trabalhista já vem responsabilizando empresas que se beneficiam do trabalho de trabalhadores de empresas contratadas”. Segundo ela, portanto, fica clara a responsabilidade da Transpetro, que não fiscalizou adequadamente as obrigações trabalhistas feitas pela administração do Estaleiro Eisa.

Em audiência realizada no dia 14 de agosto, foi determinada a ampliação da quantidade de réus que inclui agora também todo o Grupo Synergy, a pessoa física do industrial Germán Efromovich e o Itaú Seguros e Soluções Corporativas. Os primeiros réus eram o Estaleiro Eisa e a Transpetro.

Deflagrada pela Polícia Federal, a Operação Lava-Jato levou à prisão de diversos ex-dirigentes da estatal e de algumas das principais empreiteiras do país. Administrado pelo grupo Synergy, o estaleiro está localizado no bairro Ponta da Areia, em Niterói. O grupo pertence ao industrial naturalizado brasileiro Germán Efromovich, que também preside a empresa aérea Avianca. Além de explorar petróleo no Brasil, no Equador e na Colômbia, Efromovich já atuou na montagem de infraestruturas para o setor de telefonia em Miami e na extração de gás natural no Texas.