Dilma: “O golpe é contra o povo e contra a nação"
Em discurso após sua destituição, Dilma Rousseff diz que golpe é "misógino, homofóbico e racista" e convoca à resistência
Fonte: Carta Capital
A presidenta deposta Dilma Rousseff fez um pronunciamento na tarde desta quarta-feira (31) no Palácio da Alvorada para falar sobre seu afastamento definitivo da Presidência República, confirmado em votação do Senado.
Em seu discurso, Dilma disse que vai “recorrer em todas as instâncias possíveis” contra o que chamou de “fraude”, “farsa jurídica” e “golpe de Estado”. Ela afirmou que este não é um momento para dizer adeus, mas “até daqui a pouco”, e convocou os brasileiros à luta.
“A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como este são péssimas conselheiras. Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista por de ter”, disse Dilma.
“Esta história não acaba assim. [...] Não voltaremos apenas para satisfazer nossos desejos ou vaidades, nós voltaremos para continuar a nossa jornada rumo a um Brasil onde o povo é soberano”, continuou a petista. “Proponho que lutemos todos juntos contra o retrocesso, contra a agenda conservadora.”
No início de sua fala, Dilma disse o "projeto nacional progressista, inclusivo e democrático" que representa está sendo interrompido por um programa que representa o "retrocesso social" e “o mais radical liberalismo econômico”.
“O golpe é contra o povo e contra a nação. O golpe é misógino, é homofóbico, é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência", afirmou a petista, que se julga vítima de "machismo e misoginia".
"As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez em que uma mulher assumiu a Presidência, o machismo e a misoginia mostraram suas feias faces."
Dilma também disse que seu afastamento definitivo coloca no poder “um grupo de corruptos investigados”.
“Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado", disse.
"Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados."