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Boeing negocia compra da Embraer, diz Wall Street Journal

Os rumores sobre a aquisição começaram em outubro, quando as concorrentes Airbus e Bombardier fecharam uma parceria estratégica.

Fonte: Carta Capital

(Foto: Embraer/Divulgação)

 

A norte-americana Boeing negocia a compra de sua concorrente brasileira Embraer, de acordo com informações da edição de hoje do jornal norte-americano The Wall Street Journal. A reportagem cita fontes não identificadas que estariam ligadas às negociações.

Segundo o jornal, a Embraer, terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo, ganharia um ágio substancial além dos 3,7 bilhões de dólares de valor de mercado. Segundo o WSJ, as empresas aguardam a palavra do governo brasileiro, que tem poder de veto sobre uma possível venda —a "golden share" (ação especial) da Embraer pertence ao Estado, uma regra criada quando a companhia foi privatizada nos anos 1990.

Especulações de que as duas empresas poderiam se associar de alguma forma começaram a circular em outubro, após as suas principais concorrentes, Airbus e Bombardier, fecharem uma parceria no programa de jatos CSeries.

Os principais acionistas da Embraer são a Brandes Investments Partners (15,03%), o BNDESPar (5,37%) e o Oppenheimer Funds (4,8%). Outros somam 73,86% e 0,94% está depositado em Tesouraria.

O setor de aviação, lembra o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial de CartaCapital, é um dos mais concentrados do mundo, por causa dos custos fixos altos. A Airbus concorre com a Boeing no segmento de aviões de grande porte. A Bombardier e a Embraer disputam o mercado de aeronaves médias.

A oferta da Boeing pela companhia brasileira pode, portanto, ser interpretada como mais um lance neste jogo de xadrez. E uma proteção ao avanço dos chineses, cada vez mais empenhados em ganhar espaço no setor.

Para o Brasil, afirma Belluzzo, a venda é uma tragédia. “A Embraer tem uma excelente qualidade tecnológica e estava nos últimos anos se expandindo em outras direções, como indicavam seus investimentos em projetos militares”.


A tendência, ressalta, é a Boeing desmontar o setor de pesquisa aqui, o que cria mais uma barreira para a expansão do desenvolvimento tecnológico no País. “É um caso de segurança nacional, até. O governo possui uma golden share, uma ação que lhe dá o direito de vetar o negócio. Mas, como a gente sabe, a turma que atualmente ocupa o Palácio do Planalto seria capaz de se desfazer da própria mãe”.

Em setembro, segundo relatou o jornal Valor Econômico, Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, consultou o Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de o governo se livrar das golden shares na Embraer, Vale e Instituto de Resseguros do Brasil.

Os ministros do TCU, descreve a reportagem, teriam se espantado com a consulta, pois avaliam que as ações valem bilhões e não poderiam ser simplesmente descartadas como pretendia Meirelles.