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Trabalhadores lotam a ALERJ para audiência pública

Encontro foi realizado para discutir a privatização do setor elétrico, da CEDAE e da Casa da Moeda.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) ficou lotada nesta sexta-feira (01) para a realização da audiência pública contra a privatização do setor elétrico, da CEDAE e da Casa da Moeda. Os diretores do SENGE Rio Roberto Góes, da Eletrobras, e Virgínia Brandão, da Eletronuclear, e o representante sindical em Furnas, Felipe Araújo, estiveram presentes. A audiência foi coordenada pelo deputado estadual Paulo Ramos (PSOL-RJ).

 

Crime

Foi assim que os participantes definem as privatizações propostas pelo presidente ilegítimo, Michel Temer. A acusação é de que o processo põe em risco a soberania nacional, o desenvolvimento econômico e social do país, e a venda de um patrimônio “como se fosse qualquer bugiganga”. A expressão forte de Paulo Ramos sintetiza as críticas que levaram à criação da audiência.

“Trata-se de um crime lesa-pátria”, afirmou.

“As privatizações estão sendo propostas por um governo ilegítimo, ilegal, o povo brasileiro não reconhece. Privatizar a CEDAE é passar para a iniciativa privada o monopólio da água. No caso da Casa da Moeda, é vender uma empresa que dá lucro, que emite nossa moeda e nossos passaportes”, criticou o senador Lindbergh Faria (PT-RJ).

 

História

A Carta Testamento de Getúlio Vargas foi distribuída no plenário para lembrar que a luta pela Petrobrás e pela Eletrobrás não é recente. Em um momento, Vargas afirma:

“Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obsculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.”

“O absurdo de vender várias empresas estatais retrata bem a situação de absurdos em que o país vive. A privatização não resolvem o problema do déficit do governo e não vai reduzir a tarifa. Isso é uma mentira, é cinismo. Durante as privatizações do governo FHC, quando privatizaram parte do setor, a tarifa subiu vertiginosamente”, afirmou o físico e mestre em engenharia nuclear Luiz Pinguelli Rosa, especialista no setor elétrico brasileiro. Ele é ex-presidente da Associação Latino-Americana de Planejamento Energético e da Eletrobras.

Para Victor Costa, da Associação dos Empregados de Furnas (ASEF), os trabalhadores “vão resistir”.

“Estamos perto do 07 de Setembro e este presidente vai à China vender a nossa soberania, nosso povo, nossas empresas. Eles usam outros nomes, mas é privatização. Como disse Brizola: ‘Se algo tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré’”.

Aluizio Junior, presidente do Sindicato Nacional dos Moedeiros, destacou que a Casa da Moeda tem mais 323 anos de história. Ele afirmou que os trabalhadores irão continuar na luta para que a empresa tenha ainda mais 300 anos de serviço ao povo brasileiro e à soberania nacional.

 

Confusão

Muitos trabalhadores e representantes de entidades foram impedidos de entrar da ALERJ. A justificativa era a superlotação do plenário. No entanto, quem estava do lado de fora recebeu gás de pimenta no rosto, jogado pelos próprios seguranças da Assembleia. A atitude da segurança foi criticada por quem estava dentro da ALERJ, inclusive pelo coordenador da audiência, o deputado Paulo Ramos.