Simone Baía é homenageada em Consenge e toma posse como Diretora da Mulher da Fisenge
"Filha, mãe, esposa, sindicalista, militante, engenheira, indígena e mulher. São muitas as identidades e as frentes de atuação de Simone Baía. E por toda sua atuação e histórico de luta, a FISENGE a homenageou em seu 13º Congresso"
No último dia 2/9, foi eleita para a Diretoria da Mulher da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros), Simone Baía, para o mandato 2023/2026. A engenheira já esteve à frente da pasta por três gestões (2011 a 2020), sendo a idealizadora das histórias em quadrinhos da Engenheira Eugenia. Simone foi homenageada pelo 13º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge). “Ser homenageada é sempre bom, principalmente pelos nossos pares. A Fisenge me trouxe amizades, projeção, me fez viajar e brigar pelos direitos. O Coletivo de Mulheres foi uma virada de chave na minha vida, que hoje é uma referência nacional. Temos uma responsabilidade imensa para trazermos mais mulheres e diversidade”, afirmou Simone.
Acompanhando virtualmente, a engenheira agrônoma e ex-diretora da Fisenge, Alméria Carniato disse que “é um privilégio homenagear Simone e fazer parte dessa história, que é um momento de orgulho. O Coletivo de Mulheres da Fisenge é semente, mesmo que cortem nossos galhos e arranquem nossas raízes, seguiremos semeando luta e resistência”.
A ex-diretora da mulher da Fisenge, Virginia Brandão destacou a luta de Simone em defesa das mulheres e da categoria. “É uma alegria imensa homenagear Simone que foi incansável na militância e na luta das mulheres e da engenharia”, pontuou.
Natural de Belém do Pará e com origem indígena, Simone Baía foi a primeira de sua família a ingressar na universidade e a se formar em engenharia química pela Universidade Federal do Pará. Seu pai, fotógrafo, a incentivava e fez, inclusive, fotos de sua formatura e a ensinou tabuada. Simone aprendeu a escrever em cadernos de papel de pão que a mãe fazia. Durante a universidade, foi bolsista de iniciação científica para garantir sua permanência. “Tive mulheres e homens importantes na minha trajetória, como meu pai e meu professor que me levou para iniciação científica, não só por ser boa aluna, mas também pela necessidade. Me orgulho de, hoje, estar num governo que está reconstruindo o Brasil. Voltamos a ter esperança. Nós que já fomos impedidos de usar nossas cores, nossas bandeiras e ideias”, afirmou.
Ao longo da vida, Simone acumulou uma trajetória de lutas no movimento popular, nos movimentos sociais e em partido político. Quando trabalhou na prefeitura de Vitória, Simone junto com os trabalhadores organizou e conquistou o pagamento do salário mínimo profissional aos engenheiros e engenheiras. Nesse momento foi convidada a integrar o Sindicato dos Engenheiros do Espírito Santo. “A Fisenge faz defesa de trabalhadores e trabalhadoras dos povos indígenas e de uma educação pública de qualidade. Se não fosse a educação pública, não teria conseguido terminar a universidade. Fui acolhida pelo meu sindicato, conquistamos o Salário Mínimo Profissional na Prefeitura de Vitória”, enfatizou.
Simone, que tem origem indígena, afirma a necessária luta pela demarcação das terras indígenas. “A colonização foi um processo brutal e violento de genocídio dos povos indígenas. A extrema-direita insiste no marco temporal que é de uma absurda violação de direitos humanos”, explicou.
Especialista em hidrogeologia aplicada a águas subterrâneas, mestre em geoquímica ambiental com anos de experiência na área de meio ambiente, com atuação de 12 anos na área de SMS da indústria de petróleo e gás. Simone tem experiência como perita e avaliadora. Como diretora da mulher da Fisenge, foi uma das idealizadoras das histórias em quadrinhos da Engenheira Eugênia que ganhou o prêmio de direitos humanos em comunicação sindical da Anamatra durante a sua gestão. Ainda como diretora da mulher, Simone contribuiu para a articulação da luta das engenheiras a partir da classe trabalhadora, idealizando cartilhas, campanhas e vídeos sobre direitos das mulheres, além de participar de fóruns intersindicais e de movimentos sociais. Como integrante do Comitê de Mulheres da UNI Américas, Simone atuou pela visibilidade internacional da Fisenge por meio da distribuição dos quadrinhos de Eugenia em inglês e da articulação com entidades de outros países.
“Filha, mãe, esposa, sindicalista, militante, engenheira, indígena e mulher. São muitas as identidades e as frentes de atuação de Simone Baía. E por toda sua atuação e histórico de luta, a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros a homenageou em seu 13º Congresso”, destacou a vice-presidente da Fisenge, Elaine Santana.
Fonte: Fisenge
Texto: Camila Marins
Foto: Adriana Medeiros