“Que a história do 1º de Maio nos inspire na luta”, diz o presidente do Senge RJ
Para Olímpio Alves dos Santos, presidente do Senge RJ, é preciso “recuperar o espírito combativo” que animou a criação do Dia dos Trabalhadores e Trabalhadoras, pela Segunda Internacional, em 1889.
Neste 1º de maio – Dia do Trabalhador e da Trabalhadora –, o Sindicato dos Engenheiros no Estado no Rio de Janeiro (Senge RJ) saúda a manifestação unificada, promovida pela CUT e demais centrais sindicais que estão hoje no Parque Madureira, na luta por “emprego, renda, direitos e democracia”.
“Nesta primeira grande mobilização da classe trabalhadora após a vitória eleitoral imposta ao fascismo, é fundamental recuperar o espírito combativo que animou a criação do 1º de Maio, de união de forças na busca de conquistas coletivas para todos e todas”, afirma o presidente do Senge RJ, Olímpio Alves dos Santos. “Os trabalhadores têm hoje uma disputa dura na sociedade, pelo exercício pleno da cidadania, pelo fim da fome, pela retomada dos empregos e da indústria nacional, em condições dignas e justas.”
A celebração do 1° de Maio foi uma decisão da Segunda Internacional (ou Internacional Socialista), em 1889, com o objetivo de envolver todas as categorias, em todos os países, em um dia de luta e mobilização. A data homenageia o dia do início da grande greve operária realizada nos EUA três anos antes, em 1886. A paralisação alcançou cerca de 5 mil fábricas e a adesão de 240 mil trabalhadores. A repressão mais violenta aconteceu em Chicago, com mortes, muitas prisões e agressões, sindicatos fechados, declaração de estado de sítio.
A principal reivindicação do movimento era a redução da jornada diária de trabalho – que chegava então a até 16 horas – para oito horas, causa que seria defendida por trabalhadores e trabalhadoras ainda por muitos anos, estabelecida apenas em 1919 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), e bem mais tarde em vários países. Lideranças grevistas, August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer e George Engel foram enforcados em um julgamento que depois seria considerado nulo, pelo grande número de irregularidades – o lawfare já fazendo vítimas.
A redução da jornada foi a principal causa da Associação Internacional dos Trabalhadores (também conhecida como Primeira Internacional, porque foi a primeira organização internacional de trabalhadores), formada em 1864, sob inspiração de Karl Marx. Na época, além de enfrentarem jornada extensa, os trabalhadores, inclusive crianças e mulheres, não tinham férias, acesso a serviços de saúde, aposentadoria, entre muitos outros direitos.
Entre 1866 e 1872, a Internacional realizou cinco congressos gerais, discutindo temas como relações de trabalho, o papel dos sindicatos, a coletivização da terra e dos meios de produção, cooperativas, a promoção da solidariedade e a colaboração entre os operários da Europa. O número de participantes na Internacional passou de 150 mil.
“Precisamos nos inspirar nessa capacidade de se organizar, fazer pontes e juntar forças, crucial para o futuro do Brasil”, ressalta o presidente do Senge RJ. “Desde o golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, a classe trabalhadora sofreu graves retrocessos no Brasil, em especial com a reforma da Previdência, que sequestrou direitos dos trabalhadores, e a Trabalhista, que também desestruturou a organização sindical. O Senge RJ está ao lado dos engenheiros e engenheiras, e de todas as demais categorias engajadas na reconstrução do Estado e da soberania nacional, o que inclui novos marcos legais para os sindicatos, de modo que possamos avançar na qualidade de vida da população, da justiça social e dos direitos. Espero que a história do 1º de maio nos inspire nessa luta.”
(Foto: Claudionor Santana)