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O quarto poder, por Paulo Henrique Amorim

Livro analisa a influência que a mídia hegemônica exerce sobre a política brasileira

Fonte: Instituto Telecom

 

O jornalista Paulo Henrique Amorim lançou um livro que merece a leitura de todos os que querem que a democracia seja mantida no Brasil e não aceitam mais um golpe. Nome do livro: “O quarto poder- uma outra história”.

Apesar de parecer óbvio, é sempre bom lembrar que constitucionalmente temos três poderes constituídos: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Poderes independentes e harmônicos, conforme determina o Artigo 2º da Constituição Federal. No Brasil, no entanto, há um quarto poder. Ele se chama Organizações Gobo.

Em seu livro, Paulo Henrique observa que as Organizações Globo detêm o controle de dois jornais, uma empresa de revistas, uma editora de livros, emissora de rádio, rede de televisão aberta, televisão por assinatura e portais na internet. “É o recorde mundial da ‘propriedade cruzada”, diz ele.

A história da ascensão do grupo esta intimamente ligada a golpes de Estado. Foi assim em agosto de 1954, quando uma violenta campanha levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio. “Na manhã do dia 24 manifestantes puseram fogo em carros de O Globo e da Tribuna da Imprensa. Milhares de exemplares destes jornais foram queimados. As sedes da Rádio Globo e do Diário de Notícias foram atacadas”.

Em 26 de abril de 1966, “treze meses depois de ajudar os militares a derrubar Goulart”, conta ainda Amorim, “Roberto Marinho fundou a TV Globo. E numa operação ilegal. Afinal, o artigo 160 da Constituição de 1946 proibia a participação de capital estrangeiro em empresas de comunicação. Ainda assim, Marinho criou sua emissora de TV em sociedade com um dos mais poderosos conglomerados de mídia dos Estados Unidos- o grupo que controlava as revistas Time e Life”.

Em 1989, já televisão mais poderosa do país, a TV Globo fez uma edição do debate presidência entre Lula e Collor que foi decisivo para o resultado da eleição. A emissora reuniu, em seu noticiário, os melhores momentos de Collor e os piores de Lula.

“Por muitos anos foi proibido transmitir o som da voz de Lula nos telejornais da Globo – segue denunciando Amorim. “A cobertura da agenda do candidato, quando fosse indispensável, deveria ser realizada sob a forma de “nota coberta”, ou seja, com a narração do locutor “por cima”. No governo Fernando Henrique, o presidente reclamou com a família Marinho “do amplo espaço que o Jornal Nacional dedicava a reportagens da seca no Nordeste e o aumento do desemprego. Imediatamente, as notícias “negativas” sumiram do noticiário da emissora” .

E, assim, FHC foi reeleito.

E assim se sucedeu em todas as eleições.

Existe na Constituição um Capítulo, o V, que nunca foi regulamentado. É o artigo que trata justamente da mídia. Tanto o artigo, como todas as iniciativas que buscam regulamentar a mídia, tem enfrentado violenta oposição das empresas de comunicação, sempre lideradas pela Globo.

Hoje, o povo brasileiro está dividido graças a um noticiário manipulado e até mentiroso, que busca derrubar um governo legitimamente eleito, uma presidenta sobre a qual não há qualquer prova de irregularidades.

Até quando esse quarto poder continuará dando as cartas políticas em nosso país?