Mulheres contra o impeachment vão às ruas
Ato da Frente Brasil Popular reúne cerca de 3 mil mulheres no Rio e em São Paulo
Fonte: Brasil de Fato
(Foto: Mídia Ninja)
Movimentos populares e feministas que fazem parte da Frente Brasil Popular ocuparam a Praça Roosevelt, em São Paulo, e o Circo Voador, no Rio de Janeiro, para manifestar a oposição das mulheres ao impeachment da presidenta da República Dilma Rousseff. Segundo as organizadoras, mais de 3 mil pessoas participaram dos atos nas duas cidades: 2.000 no Rio e 1.000 na capital paulista. Segundo a PM, o público foi de 600 e 350 pessoas, respectivamente.
Intervenções culturais, como dança, poesia, música e grafite, foram organizadas pelas mulheres da Frente Brasil Popular, que veem a necessidade de contribuir com a consciência feminista "nos bairros, nas universidades, nas fábricas e onde mais as mulheres estiverem". "Não basta se organizar somente junto com os outros movimentos. É fundamental ter o nosso olhar sobre o golpe e o nosso olhar sobre a democracia que queremos construir", explica Sonia Coelho, que milita na Marcha Mundial das Mulheres em São Paulo e faz parte da organização do ato.
Formadoras de opinião estiveram presentes no ato, como a atriz Bete Mendes e a economista Maria da Conceição Tavares, no Rio de Janeiro, e a atriz Maria Casadevall (que atuou recentemente na novela I love Paraisópolis, da Rede Globo), em São Paulo.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Maria se posicionou publicamente contra o impeachment pela primeira vez: "Eu tenho ido às manifestações e, até então, a minha imagem era uma representação do meu discurso. Mas essa noite chegou e eu resolvi me posicionar, argumentando e estando junto com essas mulheres e com as pessoas que acreditam que o impeachment não é a melhor saída para democracia. Então, vamos às ruas, porque já existe muito espaço para o outro discurso".
Golpe machista
"Hoje eu vim me mobilizar porque acho muito importante somar para mudar as perspectivas atuais. Como artista, a gente consegue influenciar as nossas companheiras, as nossas crianças e os nossos jovens. E o que eu acho que está acontecendo é uma briga muito feia no sentido de detonar a presidente", argumentou Tula Pilar Ferreira, poetisa, escritora e dançarina.
A coordenadora e regente do grupo Ilu Oba de Min, Mazé Cintra, argumentou também sobre a importância de apoiar o governo no atual momento. "A gente resolveu apoiar o 'não impeachment' pelo grave retrocesso à democracia e ao pouco que a gente conseguiu nesses últimos vinte e poucos anos. E também pela presidenta Dilma, porque além de político, este é um golpe machista". O grupo fez o encerramento do ato, por volta das 21h.
Presença LGBT
Valeryah Rodriguez, conselheira municipal LGBT da cidade de São Paulo e membro da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (UNALGBT), apontou a necessidade de se posicionar contra um possível golpe. "Não é de hoje que nós, travestis e transexuais, lutamos por direitos. E, quando a gente consegue um pouco, já querem nos tirar. Por isso, o que nós queremos hoje junto com as mulheres nesse movimento é que a democracia prevaleça, e que os nossos direitos continuem a ser cada vez mais respeitados".