Cabo drenagem

Lula anuncia orçamento de R$ 23 bilhões para obras públicas

Investimentos em infraestrutura chegam a 62 setores, com efeito multiplicador de R$ 1,44 a mais para cada um real investido. O segmento de construção defende a criação de fundo garantidor para reabilitar empresas nacionais.

Fonte: Brasil247

Em entrevista exclusiva à TV 247, no dia 21 de março, o presidente Lula disse que, apenas neste ano de 2023, o governo federal investirá R$ 23 bilhões em obras públicas, que é mais do que o investido em quatro anos do governo Jair Bolsonaro. O setor de engenharia do país recebeu com animação o anúncio da retomada de obras de infraestrutura.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Claudio Medeiros, em conversa com o 247, avaliou que o momento é crucial para a retomada do desenvolvimento econômico e social, e que “investimento pesado” em infraestrutura é uma condição chave para isso.

“Nosso setor está esperançoso com o anúncio feito pelo presidente da República em recente entrevista veiculada pela TV 247, quando foi dito que o Brasil terá R$ 23 bilhões para investimentos em infraestrutura em 2023", afirmou. "É fundamental deixar o encolhimento do setor de engenharia no passado e romper com a baixa histórica nas obras de infraestrutura. Estudos mostram que, para reduzir gargalos à competitividade e aumentar a produtividade, o Brasil precisa investir 4,31% do PIB por ano, ao longo de, no mínimo, dez anos seguidos. O país não pode perder mais tempo, sob pena de penalizar ainda mais sua população, hoje desempregada e sem renda.” 

Claudio Medeiros destacou que a infraestrutura é um alavancador de desenvolvimento, responsável por mais de 25% da formação bruta de capital fixo da economia. Isso porque o investimento em infraestrutura promove o desenvolvimento de 62 setores econômicos. “É emprego e renda na veia, é vacina contra o desemprego. O efeito multiplicador dos investimentos em infraestrutura é de R$ 1,44 a mais para cada um real investido, além de criar diversas externalidades positivas para a economia a curto, médio e longo prazos. Estudo do Sinicon demonstra que a cada R$ 1 milhão investido, são gerados 34 novos postos de trabalho diretos, além dos indiretos que fazem parte da cadeia de mais de 4 mil empresas fornecedoras do setor”, afirmou.

O dirigente avaliou que no período de 2016 a 2022, período compreendido desde o golpe contra a presidente Dilma Rousseff e os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Brasil optou por se afastar dos investimentos em infraestrutura, o que produziu efeitos devastadores para a economia nacional.

“Primeiro, enfraqueceu empresas nacionais de construção pesada que detêm um know how de excelência técnica no Brasil e em diversos países, a exemplo da atuação das nossas construtoras nos EUA, Europa e África. O aprendizado dos últimos anos demonstra, através de dados e números levantados em estudos sérios já publicados, que é preciso refletir de forma isenta e sem ideologia política sobre o saldo líquido de operações com compromissos aparentemente internacionais, políticos e midiáticos. Os impactos econômicos para o país são estarrecedores”, destacou Claudio Medeiros.

“Segundo, como consequência natural do primeiro, houve uma significativa retração do mercado, fragilizando toda uma cadeia econômica que se beneficia da capacidade exponencial de desenvolvimento do setor de infraestrutura. No início da Operação Lava-Jato era quase um consenso que as pequenas empresas virariam médias, as médias se tornariam grandes e as grandes construtoras acabariam. Na realidade, o que se viu foi que as grandes construtoras reduziram seus portes, as médias ficaram pequenas e as pequenas praticamente deixaram de existir”, atestou.

Fundo garantidor para empresas
Na opinião do presidente do Sinicon, o governo deve executar obras estruturantes com 100% de capital público. Ele defendeu um mecanismo econômico para reabilitar as empresas nacionais. “É preciso pensar na criação de um Fundo Garantidor, possibilitando que nossa engenharia nacional tenha acesso a linhas de crédito competitivas, tanto para investimento fixo quanto para capital de giro. Em paralelo, o país precisa trazer sua taxa de juros para patamares aceitáveis. É preciso ativar a economia com investimentos e melhores taxas de retorno”, afirmou.

Entrevista de Lula à TV 247
Na entrevista exclusiva e ao vivo à TV 247, o presidente Lula pediu empenho para fortalecer novas empresas de engenharia. “Um país do tamanho do Brasil, com as empresas de engenharia que tinha o Brasil... Agora, para fazer uma obra qualquer, tem que trazer uma empresa chinesa, espanhola, nao sei qual outra...”, criticou.

“Precisamos fazer com que outras empresas de engenharia se fortaleçam e cresçam neste país. A Lava Jato poderia ter prendido um empresário se ele roubou, mas deixar a empresa funcionar. Teve problema, faça nova licitação. O que não pode é quebrar empresa como quebrou. Hoje você não tem empresa para fazer uma grande obra”, acrescentou Lula.

O presidente ainda relembrou a colaboração de suas gestões anteriores para a engenharia brasileira. “Quando deixei a Presidência, em 2010, tínhamos em construção 20 mil km de linha de transmissão, as três  maiores hidrelétricas do mundo e 12 estádios de futebol sendo construídos ao mesmo tempo. O que este país tem hoje? Lembre uma empresa, uma obra de infraestrutura que está sendo feita neste país?”, questionou o presidente.

Assista a entrevista de Lula à TV 247:

https://www.youtube.com/watch?v=bjxJCHGywuM
 

Foto: Paul Brennan por Pixabay