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Instituto Telecom: Consumo e exclusão

Análise da União Internacional de Telecomunicações constatou que os pacotes de internet fixa ficaram menos acessíveis em 2021, inclusive no Brasil. As pessoas tiveram que gastar mais pelo mesmo serviço.

Fonte: Instituto Telecom*

A sociedade capitalista tem como pressupostos o lucro, a competição destruidora, o consumo exacerbado. Todos esses fatores trazem consequências graves para o meio ambiente, a extinção de valores humanos, bens materiais se sobrepondo às relações humanas, guerras e aprofundamento das desigualdades sociais. É uma sociedade do desperdício, do supérfluo, da exclusão.

Enquanto poucos usufruem das mais avançadas tecnologias, a maior parcela ainda está submetida a condições de saúde, saneamento, tecnologias do século XIX. Exemplo cruel são as telecomunicações, essenciais para o exercício da cidadania.

Análise recente da União Internacional de Telecomunicações (UIT) constatou que os pacotes de internet fixa ficaram menos acessíveis no mundo em 2021, incluindo o Brasil. As pessoas tiveram que dispor de uma parcela maior de sua renda para pagar pelo mesmo serviço.

O levantamento, divulgado pela Teletime, mostra que os preços relativos da banda larga fixa no ano passado representaram em média 3,5% da renda nacional bruta per capita (GNI) em 180 países – ou acima dos 2,9% registrados em 2020. “No Brasil, os dados de 2021 indicam que a Internet fixa exigiu 3,49% da renda nacional bruta per capita – em 2020, o indicador apontava para 2,51%, o que já representava um aumento em comparação com o ano anterior”, diz a publicação.

O fato é que, no Brasil, o acesso digital é um total desastre. Pesquisa TIC Domicílios do CETIC.br 2020 dá ideia do tamanho do fosso digital que existe em nosso país. Entre os indivíduos das classes A (100%) e B (99%), o uso de Internet era quase universal, ao passo que entre os indivíduos das classes D e E a parcela de usuários de Internet era de 64%.O controle da infraestrutura de rede em nosso país está nas mãos das irmãs Vivo, Claro, TIM e Oi que concentram mais de 60% de toda banda larga, redes de celular, TV por assinatura.

A falta de conectividade atinge cerca de 6 milhões de alunos brasileiros que não possuem acesso à internet banda larga fixa ou móvel em casa. Desses, 4,2 milhões são alunos do Ensino Fundamental, conforme levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Grave. Como garantir a cidadania plena a essas pessoas que não conseguem nem acessar a internet?

Para o Instituto de Defesa do Consumidor- Idec, “consumidor não é apenas aquele que tem poder aquisitivo e participa do mercado de consumo, mas todos os cidadãos que têm direito ao acesso a bens e serviços essenciais para uma vida digna”. Na semana/mês do consumidor vale a pena refletir sobre quantos são os excluídos numa sociedade capitalista forjada pelo lucro e que não responde as demandas essenciais de cada cidadão.

Para mudar isso é preciso construir uma sociedade da cooperação, da solidariedade, do diálogo. Menos consumo exagerado e mais inclusão social/digital.
 

*Publicado no portal do Instituto Telecom, no dia 22 de março de 2022