Eletricitários lançam manifesto pela reestatização da Eletrobras
A iniciativa é do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE). O documento está aberto para inclusão de assinaturas e será entregue ao ex-presidente Lula.
Fonte: portal da CUT e Campanha Salve a Energia
O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), entidade que representa os trabalhadores e trabalhadoras do sistema Eletrobras, lançou um manifesto pela reestatização da empresa. A estatal, responsável por mais de 30% da geração de energia do país, foi privatizada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) no dia 13 de junho.
No manifesto, os eletricitários argumentam que a venda da Eletrobras vai promover inúmeros retrocessos para o setor elétrico brasileiro, para a população e para a soberania nacional. E defendem a reestatização da empresa para evitar um colapso econômico e social no setor de energia.
Os eletricitários estão fazendo uma campanha de recolhimento de assinaturas de dirigentes sindicais, movimentos sociais, de entidades do setor e políticos que defendem a reestatização da empresa. Após a coleta, o documento com as assinaturas será entregue ao ex-presidente Lula que, segundo o CNE, sinalizou, como pré-candidato, que reestatizará a Eletrobras, caso seja eleito na próxima eleição presidencial.
“Na última eleição entregamos um manifesto em defesa da Eletrobras para todos os candidatos progressistas à Presidência. Neste ano, como o único que se manifestou até o momento em reestatizar a Eletrobras, e tem mais possibilidade de ser eleito, foi Lula, que está à frente nas pesquisas eleitorais, nós pretendemos entregar a ele o documento”, diz Ikaro Chaves, membro do CNE.
No “Manifesto Pela Reestatização da Eletrobras”, os trabalhadores da estatal enumeram alguns motivos pelos quais o Estado deve reassumir o comando da maior empresa de energia elétrica da América do Sul. Citam os processos de reestatização de empresas de energia em importantes países do mundo, como a França, que anunciou recentemente a proposta, com o objetivo de abandonar os combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, migrando para uma matriz energética ecológica e sustentável.
No Brasil, ao contrário, destaca o manifesto, o governo aceitou a inclusão no processo de venda da obrigação de a empresa contratar 8.000 MW de termelétricas a gás, em regiões onde não há gasodutos, ao custo de mais R$ 50 bilhões aos consumidores brasileiros, sem contar o impacto de sujar a matriz energética, contribuindo para o agravamento da crise climática global.
Prejuízos para a população
De acordo com os eletricitários, o patrimônio da empresa está avaliado em quase R$ 400 bilhões, mas foi entregue ao setor financeiro nacional e internacional por um preço 15 vezes inferior. Ou seja, dinheiro do povo jogado fora.
Além disso, as contas de luz vão aumentar ainda mais. A previsão é de que fiquem mais caras em torno de 17% com a descotização. Este mecanismo está previsto na lei da privatização, e obriga o consumidor que já pagou pela construção das hidrelétricas ao longo de décadas, por meio da tarifa, a pagar novamente pelas mesmas usinas.
Dessa forma, os consumidores que hoje pagam em média R$ 65,00 pelo MWh dessas usinas, terão que pagar o valor de mercado, que, no ano passado, foi de R$ 332,00 por MWh. Por ano, o impacto dessa descotização será de quase R$ 20 bilhões, que vão sair do bolso do consumidor para as contas bancárias dos novos donos da Eletrobras.
> Para assinar a petição e ler a íntegra do “Manifesto Pela Reestatização da Eletrobras”, clique aqui.
> Para ler a edição de 5-7-2022 do Boletim do CNE, clique aqui