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É uma vitória enganosa, diz oposição sobre votação da denúncia contra Temer

Apesar das emendas, que somaram mais de R$ 4bi, placar foi acirrado: 263 pediram arquivamento e 227, investigação.

Fonte: Brasil de Fato

 

Os deputados da oposição na Câmara Federal classificaram a vitória do presidente golpista, Michel Temer (PMDB), no plenário como “fictícia”. Em entrevista concedida logo após a confirmação da hegemonia governista na votação, eles destacaram que, apesar do placar de 263 votos contra 227, o peemedebista tende a governar a partir de agora num cenário mais desfavorável.

“O governo sempre alardeou que tinha uma base de 380 deputados, mas se vê que não é tão grande assim. É uma vitória frágil. Ele ganha, mas não leva, num certo sentido”, disse Chico Alencar (PSOL-RJ), em referência às fissuras na base aliada e às consequentes manobras do Planalto para ganhar votos da tropa de choque.

Além de mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares liberadas nos últimos dois meses, Temer distribuiu cargos na administração federal para conquistar o voto de vários parlamentares.

“O dispêndio dele para se manter foi similar ao do Paris Saint German para levar o Neymar. Hoje foi o dia das transações milionárias, mas tem uma diferença fundamental: clubes de futebol são entidades privadas. Aqui o governo comprou a sua sobrevivência com o orçamento público. É uma vitória enganosa”, disse o psolista.

Além dos votos contrários e a favor, o placar final registrou duas abstenções e 18 ausências.

 

Reformas

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também ressaltou que o resultado do placar, aquém do que vinha sendo projetado pelos aliados do Planalto, compromete a força governista nas próximas votações.

“A liberação de Temer no plenário é uma derrota do Brasil, mas é também uma derrota de Temer no sentido político, porque ele não terá mais força para derrotar nenhum brasileiro ou brasileira, por exemplo, na reforma da Previdência”, disse a petista. O mínimo exigido para a aprovação da reforma é de 308 votos.  

 

Denúncia

Os opositores também reforçaram o coro em torno do conteúdo da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Temer é acusado de corrupção passiva por suposto recebimento de propina oriunda de empresários do grupo JBS, uma das empresas investigadas na Lava Jato.

“Do lado de fora do Parlamento, as pessoas sabem — e a maioria ali dentro também sabe — que, mesmo que ele tenha se livrado por alguns votos, isso não significa que ele é honesto. O Brasil inteiro sabe que aquela mala de dinheiro carregada por Rocha Loures [ex-deputado federal] era para ele”, afirmou a deputada Maria do Rosário (PT-RS), em referência ao conteúdo da ação penal ajuizada pela PGR.

Depois de protocolar o documento junto ao Supremo, a Procuradoria aguardava a votação da Câmara para a definição dos rumos da investigação.   

Com a vitória governista em plenário, a denúncia é enterrada até que Temer deixe de ter foro privilegiado e possa ser julgado sem necessidade de autorização do Legislativo, o que pode ocorrer em 2019, depois do término do mandato, ou antes, caso o peemedebista seja deposto por consequência de alguma outra denúncia ou renuncie.