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Debate em Furnas fala sobre a reforma do setor elétrico

Análise da situação e riscos foram discutidos por Ronaldo Bicalho, Renato Queiroz e Roberto D’Araújo, do Instituto Ilumina, e Artur Obino, do Clube de Engenharia

(Foto: Freepik/Jose Fernando Carli)

 

O auditório da Fundação Real Grandeza ficou lotado na tarde desta segunda-feira (31). Os trabalhadores de Furnas participaram de painel sobre os riscos de privatização do setor elétrico com a proposta apresentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

O economista Ronaldo Bicalho, os engenheiros Renato Queiroz e Roberto D’Araújo, do Instituto Ilumina, e o engenheiro Artur Obino, do Clube de Engenharia, apresentaram análises da situação e dos riscos da proposta. O evento foi organizado pela Associação dos Empregados de Furnas (ASEF), da qual faz parte o representante sindical do SENGE-RJ, Felipe Ferreira de Araújo. O diretor do SENGE-RJ, Miguel Sampaio, que trabalhou em Furnas, também esteve presente.

 

Momento sombrio

“Vivemos um momento sombrio, mas é um momento que já vivemos antes. Defendemos que privatizar o setor elétrico seria prejudicial para o Brasil. O que está sendo vendido é a água. É algo extremamente importante para passar para um agente privado estrangeiro. Falta visão estratégica no governo sobre qual é a função de uma empresa estatal como a Eletrobrás”, afirmou Renato Queiroz.

 

Desistimos do coletivo

“No Brasil, desistimos do coletivo em prol do individualismo. O setor elétrico brasileiro está repleto de exemplos de desmonte do coletivo”, criticou Roberto D’Araújo.

O engenheiro apresentou dados históricos sobre o aumento drástico das tarifas, os problemas do mercado livre de energia e a falta de diagnóstico sobre os verdadeiros problemas e soluções para o setor. Os brasileiros pagam, atualmente, a 5ª maior tarifa de energia no mundo. A tarifa industrial aumentou 108% a partir da década de 90. Com sistema energético semelhante, a tarifa no Brasil é duas vezes maior que a do Canadá. Ao comparar cidades, a tarifa no Rio é três vezes maior que a de Québec.

Para D’Araújo, um dos motivos para as altas tarifas é o crescimento do mercado livre e, segundo ele, a proposta do governo fará justamente o mercado livre crescer ainda mais. “Não é um mercado saudável”, critica.

 

Jogo decisivo

“O jogo que o setor elétrico joga neste momento é decisivo. Com a mudança climática, há a necessidade de mudar a matriz energética. Desmontar o setor elétrico como querem deixa o Brasil sem perspectiva de futuro. O setor é muito maior que isso e tem muito jogo para jogar. Temos que propor um novo jogo”, defendeu Ronaldo Bicalho.

 

Proposta

Artur Obino, do Clube de Engenharia, sobre a proposta feita para contrapor com o Ministério de Minas e Energia (MME). O documento do Clube defende, entre outros pontos, o planejamento estatal com ampla participação dos atores, a integração dos sistemas elétricos vizinhos, a tarifa calculada pelo custo e o investimento no papel estratégico da Eletrobrás.

“É preciso barrar a visão da venda de ativos e retomar o controle da sociedade sobre as empresas públicas, ou seja, fazer uma empresa pública e cidadã”, acredita.