C4

Café & Política discute a informação

Encontro realizado na sexta-feira (18) debateu a informação como direito ou negócio

Na última sexta-feira (18), o SENGE-RJ recebeu militantes e entidades para mais uma edição do Café & Política. Nesta edição, o debate girou em torno da questão da informação: ela é um direito ou um negócio?

O presidente do Sindicato, Olímpio Alves dos Santos, abriu o debate com uma citação a Milton Santos, relembrando o papel despótico da informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. Para Olímpio, a análise de Milton Santos se traduz como verdade do momento em que estamos vivendo.

“Nesse momento, fica muito claro o erro de não fazer mudanças na comunicação”, criticou Bia Barbosa, da coordenação executiva do Intervozes.

Para Bia, se a Globo fica 12 horas no ar cobrindo as manifestações contra o governo, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), uma emissora pública, também tem que cobrir. “Devemos trabalhar de maneira mais articulada e atuar em paralelo com a comunicação popular e com mudanças nas leis”, afirma.

Fernanda Ramos, da coordenação nacional da ENECOS, executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação, afirmou também que “democratizar a comunicação é essencial para garantir o exercício da democracia”.

Ela citou como exemplos os debates sobre a redução da maioridade penal, os direitos das mulheres e da criminalização dos movimentos sociais como consequências diretas da atuação da mídia comercial, seja nos programas policiais que incentivam o lema “bandido bom é bandido morto” como em jornais, que tratam crimes contra as mulheres como crimes “passionais”.

 

Lava-jato

O papel da mídia na Operação Lava-Jato também foi discutido. Em função de, na mesma semana, terem acontecido, desde as manifestações contra o governo no domingo (13), acontecimentos que mexeram com o cenário político brasileiro.

Na segunda (14), o depoimento do ex-presidente Lula, realizado após condução coercitiva na sexta (11), foi a público. Na terça (15), a delação de Delcídio foi homologada. Na quarta (16), veio o anúncio de que Lula seria o novo Ministro da Casa Civil e, à noite, o juiz Sergio Moro liberou grampos telefônicos, inclusive da própria presidenta Dilma Rousseff. Na quinta (17), Lula foi empossado como ministro, mas uma liminar do juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal, suspendeu a posse de Lula. O pedido, no entanto, foi suspendido pelo desembargador e presidente do Tribunal Regional da Primeira Região (TRF-1), Cândido Ribeiro. Na sexta (18), O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes suspendeu, mais uma vez, a nomeação de Lula.            

“A mídia está julgando sem direito a defesa em um projeto, ao lado do judiciário, para levar a direita de volta ao poder na marra”, criticou o advogado e cientista político Jorge Rubem Folena de Oliveira.